domingo, 3 de novembro de 2013

Rita Santana - escritora


Rita Santana / Foto: Edgard Navarro



Diário da Separação

Ele vai e volta!
Cada vez mais perdulário dos meus perdões.
Cada vez mais disposto a cobrir de velários
Meus velórios matutinos.
Ele chega menino e se vai vilão,
Zorro assombrando minhas carnes.

Mostra-se quase factível de mudanças,
Mostra-se quase afeito aos meus caprichos de fêmea.

Inferniza minhas ínguas, lambe minha pelve:
– Perverso!
Deposita escarros nos vasos da minha Casa.

E vai-se, Tarzan depois da gripe.
Enredado em seus cipós,
Distante do chão-pergaminho
Das minhas Vertentes.




Catedral de Marfim

Ele atropela regras de pertencimento
E toma posse dos meus feudos,
Naufraga em meus açudes rasos,
Desperta carícias clandestinas
Na corporeidade do desejo.

Decifra meus rastros arrastados no chão da Casa,
Lambe o osso exposto do meu sexo,
Rompe seus votos de castidade,
E me põe à vontade em sua Catedral de Marfim.

Ele é assim, afeito aos meus mistérios
E dono testamental dos meus dotes.

(e outros poemas)


















                O QUARTO
                                                Rita Santana


O amanhecer aqui, como em tantas partes, possui a litania dos sobreviventes, peculiar. Prosseguir não é nada fácil, não é doce, exceto aos dóceis, aos dúcteis, esses potentados herdeiros das débeis dádivas divinas, dos assomos e acintes das castas castas. Ou então, aos bem aventurados que vieram ao mundo com as partes pudendas voltadas para as emanações lunares. De resto, só pedras, calhaus, cascalhos, mais pedras, pó e sal. Pó aos que perseguirem quaisquer saudades de um futuro que não vingou ainda. Pó àqueles que enfrentarem face a face a cara da Medusa, musa absoluta e palpável dos que morrem em horas dispersas do dia, e durante a noite sonham com olhos abertos e a alma dilacerada, em chagas, em chamas. Pó àqueles que, contudo, ainda sobrevivem. Pó, enfim, aos que ousam o verbo.
Estou aqui, num quarto todo limpo e luminoso. O branco grudado nas paredes sugere um ambiente de luz infinda. Todas as manhãs crepitam crepúsculos inóspitos, e o primeiro pensamento que me vem é de infelicidade. Mesmo no desespero do sempre, eu desperto e luto, luto contra esta sensação advinda de lonjuras, onde não chego nunca, em mim talvez, ou no mundo que é mais vasto e pode sediar agruras e agouros. Minhas armas são afirmações declaradas de equidade.
As noites são abusivamente noturnas, povoadas com cenas do passado, onde os cadáveres pretéritos decidem simultaneamente a saída das tumbas, sim, pois que estão mumificados em minha memória servil. Ontem ainda, a rasga-mortalha rasgou com as asas a cortina da noite, proclamando a minha morte seguinte, aviltando, desde então, o meu dia vindouro. Com o seu grito agudo e oco bater intermitente de bico, todas as mulheres encarceradas deste quarto gemeram, menos eu. Só eu permaneci dormindo meu sono acordado, vigília constante que as bolinhas brancas não conseguem apagar. Criei resistências, a cada dia crio mais resistências, físicas e orgânicas. Os sobreviventes são assim, renitentes. Sim, eu tive medo, tive muito medo, mas e daí? Quis colo, senti sede e fome, senti rancores, ódio e medo, muito medo, mas e daí?
Elas são três e não têm rosto, existe apenas a fundura impenetrável dos olhos e a semelhança na ausência de peculiaridades faciais. São iguais a mim na sorte. As roupas são as mesmas sempre: um guarda-pó branco de botões dourados, uma pétala de mussenda-rosa no bolso esquerdo, e no direito muitas bolinhas brancas para “distrair as idéias”. As sapatilhas são forradas com lantejoulas douradas para combinar com os botões, tudo muito direitinho. O quarto é todo limpo e luminoso, o branco grudado nas paredes se estende pelas camas de cimento. As paredes são altas e lisas, nada há de crespo nesse universo, onde o total é único. Muito próxima ao teto, uma janela sempre aberta. E é para lá que temos, todas nós, os olhos voltados agora. Todas nós.
Meu pensamento vai trazer-te até aqui, onde eu me escondo e me restabeleço do mundo. Sou mulher de muitas paisagens interiores, e descrevê-las tornou-se o meu ofício. Ser flutuação de abismos e plantação de mandioca. Ser, ser e ser. Eu quis ser em demasia, quis existir demais, exagero de existência, por isso tão doída, por isso tão doida. Para que o amontoado de palavras traga-me pistas de um farelo de pensamento capaz de restituir-me à estrada, eu escrevo. Da infância, ficou aquela sensação de que o meu pensamento representava a única existência possível, o mundo só existia porque eu o pensava. Por isso me penso tanto e me perco tanto.
Por hora, deixa eu contar o que se passou comigo. Nós já éramos separação irremediável, eu e você. Estávamos delidos, afinal, não tivemos, de fato, uma estória. Tivemos, isto sim, breves ensaios com cenários apropriados, marcação perfeita, e um texto aberto, aberto demais para a objetividade concreta do mundo. E aí nos perdemos nas possibilidades de leitura. Nada, de fato, dito. As entrelinhas nos esmagaram, e o orgulho silenciou todo o resto. Agora, João habita em minha vida sem versos ou sonhos. Mas não esquece, meu querido, que o instante abriga o ido e o vindouro, e que isolar o momento é negar a continuidade do Absurdo.
Era muito tarde para ter um quarto. A miséria instituída não permitia isolamentos e, com o advento João em minha vida, o quarto surgiu como um grande susto. Era engraçado e confuso porque eu poderia dizer “meu quarto”, mas e ele, João? O que fazer com ele? Os quartos são adeptos da antecedência, daí, a solução: tantos anos sem João ali, comigo. Era preciso ser feliz sem invasores, sem bárbaros, e o marido é sempre um bárbaro, sabia meu querido? Pois bem, as paredes permaneceram brancas e vazias, toda a cor ficou o tempo inteiro ausente, e os meus olhos percorriam os cantos em busca das referências, das lembranças, das marcas. O desejo ficou amarrado ao pé da cama, desejo de brincar com o meu mundo de significações pessoais, fazer daquele espaço um recanto de relíquias. Eu não conseguia, os quartos são adeptos da antecedência. Tudo era o vazio das paredes. Comecei a perder o pé das coisas ali, nas paredes vazias do meu quarto. As vozes daqueles dias com João me perseguem até hoje, eram vozes que viviam voando da minha boca com asas de libélulas...
- Rogo por tua velhice, João. Só para saborear a eternidade que quero contigo. Enquanto houver cio em teu sangue, perecerei de ciúmes cênicos e sofrerei com teu cinismo seco, arvorando sorrisos ante o meu cansaço.
- Madalena, eu...
- Dê-me tua mão, João. Tens mãos de fêmea meu bem, e bravores de um Deus todo maldito. Acontece, João, que tu és, em amplitude, um homem. Com mãos de fêmea, é verdade, mas um homem. A mulher que te pariu é uma serpente.
- Maldizer a minha própria mãe, Madalena! A casa...
- Falo de sapiências, João, de sapiências. João, meu bem, o zelo de tua casa me consome os anos, os sonhos, os planos. As borboletas amarelas fecham-se e não mais retornam quando pisas em casa. O ar arrasta os aromas da tua ausência. Só o teu cheiro impera. Sê maleável, João, tira o calçado, o mundo inteiro te acompanha, quero-te em poeira própria.
- Deita um pouco Madalena...
Sentia. Tudo que sentia era uma fraqueza no pensar, um tremor de idéias abalando as mãos, e o meu corpo todo parecia repetir movimentos, os dentes raspavam na boca um gosto de secura que a saliva não amaciava. Naquelas horas, uma comoção me exaltava os ânimos, buscava a pia e lavava pratos, muitos pratos, todos os pratos da casa e das casas vizinhas, pratos limpos, pratos sujos. Nunca consegui tocar nos copos, os copos abrigam bocas, impressas bocas que mangam de mim, e eu não gosto. Eu tinha medo, muito medo dos copos.
- João, meu bem, ando tendo ânsias de divindades. Não me peças para dizer além. Tem paciência, João, cedo ou tarde recupero a distinção das coisas. Tenho tido francos prazeres ao banho. O corpo adquire uma dimensão erótica que o resto do dia não me proporciona. Toda a flacidez adquire um ar possuível, tocável.
- Madalena, eu posso...
- ... e eu desejo o meu próprio corpo, João, tocando-o em funduras, moleiras. O espelho ainda ousa revelar indesejares. Confesso negligenciar tais pavores. O que fazer, senão aceitar a corrupção fértil do tempo?
- Isso são sandices, Madalena, sandices.
- Exegeses, preces, fragrâncias, ervas, bulas, burlescas saídas tenho buscado para escapar das lituras que riscam minha alma. Tem paciência, João, ainda aprumo os rumos, dou-te um filho.
- Há no seu olhar um ontem que não havia, telepatia que não acompanho, não aprendo, não contento. Quero olhar mais os teus dias Madalena. Permita-me.
- João. Tuas palavras são tardias. A ambrosia tem-me deixado iludida de contentamentos, tenho frequentado o leito de Deus todas as noites e engravidado de orgasmos exuberantes. Vem daí o o meu dilatar uterino progressivo, tenho parido filhos do Criador. João, meu bem, o mundo não vê, mas me sinto saciada, satisfeita, santa. Traze a cicuta, João, para brindarmos a minha divindade oculta.
- Basta, Madalena, basta!
Meu querido, hoje tenho um quarto todo limpo e luminoso. Vejo o meu pensamento exposto em minhas mãos, trêmulo. E também eu tremulo, tremulo. O mundo continua sediando agruras e agouros. João perdeu-se arrastado pelo vento, pois, meu querido, o vento leva tudo, o vento é vassoura do tempo, arrasta a gente pra longe, pra terras de nunca. O amanhecer aqui, como em tanta gente, é turbilhão de pavores, mas eu luto. Luto contra o aniquilamento que nasceu comigo e que me carrega, e carrega os meus todos, minha gente, meus semblantes, minhas paisagens. Continuo grávida de Deus, por isso, ainda ouso o verbo. Em João ainda encontro respostas. Quem recebe meus preceitos e os observa é quem me ama. Quem recebe meus preceitos e os observa é quem me ama. Meu querido, quem me ama? João, o preferido entre os preferidos, quem me ama? Quem recebe os meus preceitos e os observa é quem me ama? E o quarto? Quem recebe, entre as mãos, os meus peitos, é quem me ama? Quem observa os meus defeitos e os recebe, é quem me ama? E o quarto? Lave os pratos, Madalena, vá rezar. E o meu quarto? Por isso tão doída e tão doida. Por isso tão doida. Eu, Madalena, doida. Eu quis ser em demasia. Quis existir demais.
O amanhecer aqui...




Conto do livro Tramela.
Foto: Edgard Navarro



RITA SANTANA - Sou uma mulher negra, apaixonada por palavras. A atriz não se aparta nunca de mim, serei atriz sempre. Sou escritora porque vivo da escrita, sem ela feneço, morro. Sou uma educadora apaixonada pela formação do cidadão leitor, pensante, falante. Eu sou de Ilhéus.


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João Vanderlei de Moraes Filho - POETA [Conferênca de abertura]




UNO
Tríade para encantamentos





UNO


A pesca era sempre do lado de lá.

Havia uma neblina fina escondendo
a outra borda do rio. Ele estava cheio,
pouco a pouco foi atravessando
suas pedras e o leito estreito, quase
morto.

Ficávamos muito tempo por ali, olhando
o desenho da flor d’água
estilhaçada pelo vento,

que insistia arrastar aqueles barcos
para outros cantos além do horizonte.

Toda viagem guarda um tanto
do porto, um pouco de nós,
algumas doses de sustos
e uma pena solitária
riscando o horizonte.

O rio, em verdade,
estava sempre cheio,
mesmo quando os barcos
pisavam na lama
calejando o dia
com nossos pés
descalços.




ÁRVORES CITADINAS


A árvore sombreia o silêncio
da tarde azulada. No varal,
um arco-íris veste a serpente

despercebida, instigando
os olhos curiosos do gavião.
Sobrevôo o arrebol e canto.

As borboletas laminam o vento,
enquanto a árvore permanece
dançando à sombra do firmamento.

Qual verbo escapará ao princípio humano
e ao fim riscado faz tempo? E aqueles galhos,
e aquela sombra?

Queimam na fogueira sagrada dos homens.




PÓSTERO
Para Alcides Santana


Palavras atam a fé
no interdito entre o sol
e a lua. Orientam-se
o tempo todo por ali,
por aqui; pelo sim, pelo não.

Seguem os ponteiros dos
segundos, minutos, horas
a fim de voltar à Caverna:

estrelas recheadas na parede
de pedra e cal, aquela iluminada
por espadas e pelo brilho de olhos.

Um verbo aciona
o lançamento das palavras
e elas vão, e elas vêm;

ficam atadas na claridade do sol,
da lua, em nossos olhos,
nas páginas rasgadas

muito além do ontem,
muito além do amanhã.
Todavia,

no papel se desfaz
depois de clarear
a imensidão de um livro fechado.




COLHEITA


Regar os olhos
à flor da pele
sem a gota d’água
entardecida.

Qualquer horizonte,
no risco da mão,
avermelha
a tarde despida
em nossos braços.

Cada pétala
espinha o cheiro
esvaído da paixão
desenhada no gira sol
apontado para o sagrado
coração de Jesus: risco
universal da retidão.


O azul modelando a tarde
rajada de laranja avermelhada
raspa dos olhos o segredo diário
de vestir-se um dia de cada vez.

Sujos de tempo.
Com lágrimas... café preto,
vinho, enchemos a mesa e o prato vazio.




AMANHECIDO


Amanhecer flor orvalhada
na primavera escolhida
pela estrela maior, sem dores
de ontem, nem do futuro,

se agora a lei é lapidar
cada pétala com o cheiro
de brisa caída suave sobre
os minutos que nos levam
a lugar nenhum.

Lá vem um brilho, e outros tantos,
a escuridão, dimensões do longe,
dos laços enfeitados daquele sapato
que surge do nada.

Não há necessariamente desejo
de entendimento: um brilho é um brilho,
uma flor orvalhada é aquela que nos mata
a cede na manhã escolhida.

Voar por entre rosas
sem ferir espinhos
revelar-se cor,

tragando uma gota de orvalho.



PRIMEIRA PESSOA
À Ihami Omin’inlê


A primeira vez que vi a lua
havia um risco entre as estrelas
e uma poesia incandescente
galopando em meu peito.

A primeira vez que o mar
esticou meus olhos para longe
da margem esquerda de meu destino
floresceu um Messias no jardim de meus quintais.

Na primeira vez, havia cinzas
das páginas derradeiras do medo.

Na segunda, a lua ensolarava
o silêncio do universo.

Na terceira, o mar batizava
nossos passos para o infinito.

Desde então, navego habitado
por espelhos e pedras polidas

de onde avistamos
o vazio.




ANTÍPODA

Esculpindo o silencio
aprisiono um pássaro.
Ele está no canto da parede

pálida, rebuscando o barulho
desatento de tantos dias livres.
Voar desbota fronteiras.

Ele pousa, à noite, seu destino estrelado
na fogueira de árvores inteiras.
A madeira estalando labaredas

é um canto de carretilha
esfolando o silêncio talhado
na parede desenhada. Pássaro

e canto... Ele sonha e livra o silêncio
de sombras presas aos nossos olhos
envaidecidos de incansáveis faíscas.




CANTO PARA HORIZ
a Cartagena de Índia,


Pôr o sol em teu mar
navegando em tua pele
um cavalo marinho.

Preciso mergulho
silenciado no olhar
claro azul celeste.

Esgotada a noite,
leve brisa sobrevoa
tua armadura rósea
iluminando o retorno
do vasto dia cavalgado.

Não há pássaros
sobre a flor d`água transbordada,
apenas luz, lacrimejada,

oferecendo-nos o horizonte.




IMPERATIVO DO BEIJA-FLOR


Navegada em si,

todos os portos
invadem manhãs
neste cheiro doce
de mulher desenhada.

Onde alimenta suada
a clara voz do dia ?

Onde tua flor regada
feri o sentido riscado na pele ?

Em chão rueiro,
me orvalha invadida,
voando sobre jardins ...



CUMPLICIDADE

Nosso amor
não cabe na monotonia
do dia de amanhã.




ÓLEO SOBRE TELA


Estavam desenhadas estrelas
no receio da noite, navegavam
silêncios entre vaga lumes
e o brilho de nossos olhos.

Nenhuma lua nem cantos de pássaros
rondavam a fuga das estrelas cadentes,
apenas o esquecimento arranhava
alguns sussurros e devaneios enluarados.

Não é mesmo fácil driblar
o contentamento da noite
e seus Deuses incandescentes.

Assentar-se. Esvaziar-se. Iluminar-se.
Ausentar-se. Calar-se. Ajuntar-se.
Se fosse o azul da noite claro, escurecia-me.



PEDRA DA BALEIA
À Yemanjá Ogunté e Averequete


A labareda clara da lua incendeia
a solidão da noite, e nada parece
iluminar os olhos do dia. Apenas
uma estrela amarelada apaga

o canto do que poderia ser um samba empretecido
cheio do rio por onde o farol segue o caminho
do azul celeste e branco. De lá, da lua e do farol,

margeiam a bênção em uma só mão navegada:

aquela estendida no leito da fé assentada
em fogo de olhos doces e serenos
de um pescador em busca de alimento.



CASA DE BARRO
Para Helena, Sophia e Boroni Arô Iku


O leite derramado dilacera
a inevitável fome da vida
guardada para o outro dia.



HERMANADAS
Para Rómulo Bustos Aguirre y las putas vírgenes de García Marques.


Estoy en la Plaza del Centenario,
Cartagena de Indias, pero mis pies
caminan en la Heroica Cachoeira,
margen izquierda del rio Paraguaçu.

Estoy en la Plaza del Reloj,
São Felix, en la otra margen del rio,
pero camino en Cartagena de Indias.

Estoy en los poemas de Pedro Blás Julio Romero.
Estoy en las calles, en Getsemaní.
Tal vez Raúl Gómez Jatín o un ángel clandestino
me regale colores del viento, de las nubes gris, un
punto de seguimiento .

Estoy amurallado
frente la ventana
donde habito
puertos de mi cuerpo

lleno de lunas,
danzas y nostalgia.

Sin, yo escucho el reflejo
de las estrellas foscas
dibujadas en esta canción
atragantada. Ojo hermano,

ya somos silencio
en blanco.




CONTEMPORANEIDADE
A Albino Rubim

Em instantes o futuro
se acostumará com o passado
presente frente ao espelho.



BOGOTÁ
Ao poeta Juan Carlos Ensuncho


Guardo a chuva
cotidiana, habitada
por caminhos distintos
e insistentes pingos
na frieza da cidade.

Desperto o brilho
do orvalho
regando cores
em jardins
despercebidos.

Sigo pássaros, o tempo eclipsa
nossos olhos lacrimejados,

seqüestra o aroma das ruas,
das casas molhadas com raios soprados
pelo sol.

O tempo encanta o futuro
e semeia a sombra por onde passamos
em silêncio, desenhando à Santa Fé
do verbo inicial.




João Vanderlei de Moraes Filho - Graduado em Letras Vernáculas/Literatura Brasileira pela UFBA (2003), é professor e gestor cultural com experiência no terceiro setor e poder público. É mestre em Cultura e Sociedade pelo IHAC/UFBA. Pesquisador em formação no CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura) onde desenvolve pesquisa no campo das políticas culturais para o acesso ao livro e promoção leitura na América Latina. Considerado uma grata revelação da poesia baiana, participou de antologias e a sua estreia foi em 2004 com o livro de poemas “Pedra Retorcida” (Fundação Casa de Jorge Amado), vencedor do Prêmio Braskem de Cultura e Arte do mesmo ano. Em 2006, publicou "Portuário", edição bilíngue Português/Espanhol (Cartagena de Índias, 2006). Seguido do livro de poemas “Em Nome dos Raios” (Expressão / 2009). Sua produção mais recente é Uno - Tríade para encantentos - Intervenção poética AINDA O MAR (Buenos Aires, 2011). Em 2005, fundou em Cachoeira, a ONG “Casa de Barro Cultura Arte Educação”, onde atualmente presta assessoria na área de Literatura, Livro e Leitura para ações do Programa de Incentivo à Leitura e Escrita Oju Aiye.


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Lançamento de livros - Cleberton Santos



Cleberton Santos é poeta, crítico literário e professor do IFBA - Campus Paulo Afonso. Nasceu na cidade sergipana de Propriá, em 14/05/1979, e atualmente vive em Paulo Afonso - BA. Foi vencedor do Prêmio Escritor Universitário Alceu Amoroso Lima, da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, em 2002. Participou dos projetos Malungos, Poesia na Boca da Noite, Caruru dos 7 Poetas, Café Literário do III Congresso de Educação de Vitória da Conquista, VII Bienal do Livro da Bahia 2005 e Imagem do Verso. É Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Publicou os livros de poesia Ópera Urbana (2000) e Lucidez Silenciosa (2005, Prêmio de Arte e Cultura Banco Capital). Em 2007, recebeu o Prêmio WALY SALOMÃO da Academia de Letras de Jequié / BA. Tem poemas publicados na antologia ANOS 2000 - Roteiro da Poesia Brasileira, Global Editora, 2009. Publicou "Cantares de Roda" (português-espanhol). A foto do meu perfil é do fotógrafo baiano Ricardo Prado. Meu novo lançamento é "Aromas de Fêmea" (poemas eróticos).










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